Se você tá em dia com os episódios do Rádio Novelo Apresenta, talvez se lembre de, no nosso terceiro episódio, o cineasta Carlos Nader citar uma frase do poeta Ezra Pound – de que "os artistas são a antena da raça". O Nader tava falando do Beijoqueiro, de que ele captava a essência do Brasil.
Mas essa ideia de antena me veio muito à cabeça quando a gente tava fazendo o episódio dessa semana. Porque as três histórias – por mais diferentes que sejam – tratam de "antenas" que captam sinais, sintomas de alguma coisa. A gente só precisa sintonizar direitinho pra entender o que esses sinais podem estar querendo dizer.
Um abraço,
Paula Scarpin
diretora de criação da Rádio Novelo
No primeiro ato, a Bia Guimarães acompanha o "garimpo" da ecóloga Erika Berenguer no Tinder na Amazônia. No segundo ato, a Branca Vianna conversa com alguém que trabalhou avaliando tudo que é conteúdo que você reporta como impróprio nas redes sociais. E, no terceiro ato, o Victor Manoel conta como a trama familiar e água-com-açúcar da infância dele no interior do Acre se transformou numa ficção científica policial.
Natália Silva,
produtora da Rádio NoveloMesmo sem entender muito sobre arte, fiquei fascinada pela série 'Os diários de Andy Warhol', disponível na Netflix. Ela se baseia no livro homônimo, escrito pela amiga do artista Pat Hackett. Entre 1976 e 1987, Warhol fez confidências para ela por telefone sobre a vida, a arte e o mundo em que eles viviam. Em 1989, dois anos depois de ele morrer, ela publica o livro – que é uma versão editada daquelas conversas. Na série da Netflix, o diretor Andrew Rossi mergulhou nessa narrativa da vida do Warhol numa contextualização histórica bem costurada e visualmente muito interessante – que mistura fotos, obras do Warhol e de outros artistas e encenações de um jeito bem elegante. Até da decisão polêmica de recriar a voz do artista com inteligência artificial eu gostei. É essa versão Andy Warhol 'robô' que narra a série inteira.
O primeiro ato do episódio da semana passada causou rebuliço nas redes – com uma divisão que eu chutaria como paritária dos que acham que as vozes da Branca e da Anna Vianna são idênticas e dos que diferenciaram as duas com tranquilidade. Também teve quem descobriu Collor versus Collor (nossa série em parceria com o Globoplay) só agora – aliás, quem não ouviu ainda tá marcando bobeira. E teve ainda a @sungjinhos (que assina com a espirituosa alcunha de “Joan Didion de 1,99” no Twitter) que me ensinou uma expressão nova: "espocar de rir". Ela disse que "espocou de rir" com Fernando Collor de Dom Pedro e Pedro Collor de Dom Miguel.
E, por falar em expressão nova, muita gente se comoveu e se identificou com a história da Patynha e da Creuzinha, contada pela Bia Guimarães no segundo ato. Choveu "Fanina" nas nossas redes sociais.
acompanhe o trabalho da Novelo • instagram • twitter • facebook • linkedin • nosso site

A colagem das três histórias - uma mais leve, a mais terrível no miolo e a (apenas muito) trágica no fim - ficou bastante coesa.
Parece-me indefensável dizer que não existam formas de existir intrinsecamente adoecedoras. O trabalho descrito na segunda história mostra isso. É como se fosse uma estimulação permanente do sistema de alerta do sujeito como uma resolução mais provável do que qualquer outra: o pânico.