Rádio Novelo Apresenta 131 | Remake impossível
Atualizando a maior novela brasileira, e revisitando o escândalo político que não quer morrer
Olá!
O episódio de hoje me fez lembrar do conto “Pierre Menard, autor de Quixote”, que está no livro Ficções, de Jorge Luís Borges, de 1944. O conto faz um inventário da obra do falecido escritor fictício, que deixou uma lista de sonetos, traduções e artigos. Essa seria a obra visível de Pierre Menard. Mas o maior feito dele como escritor não estava ao alcance dos leitores.
Menard queria escrever a obra Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. A ideia não era simplesmente transcrever o texto de 1605, menos ainda fazer uma paródia ou adaptação. O que o escritor almejava era criar ele próprio o Dom Quixote, “produzir páginas que coincidissem” com a original, “palavra por palavra e linha por linha”. Para isso, cogitou se tornar o Cervantes, pensar e viver como um espanhol do século XVII. Diante da impossibilidade, decidiu produzir o Quixote a partir das próprias experiências de homem do século XX.
Segundo o narrador do conto, apesar de idêntica, a versão moderna seria mais rica que a original, por conter a ambiguidade do autor moderno. Menard parecia não concordar, pois tratou de dar um sumiço nos manuscritos, colocando em xeque a viabilidade de sua maior missão como escritor: refazer um clássico.
O episódio desta semana questiona se é possível reviver o impacto de uma história já contada, na ficção ou na vida real.
Um abraço,
Vinicius Luiz
Repórter e roteirista da Rádio Novelo
No primeiro ato, Branca Vianna conversa com Fabiana Moraes e Paula Scarpin sobre o remake de Vale Tudo, uma das novelas mais importantes da história. No segundo ato, Carol Pires faz a anatomia do furo de reportagem que revelou o mensalão, escândalo que mudou a política nacional.
Branca Vianna,
Presidente e fundadora da Rádio NoveloEu passei anos atrás deste livro: Os armários vazios, da escritora portuguesa Maria Judite de Carvalho. Estava esgotado, procurei online, enchi a paciência de amigos portugueses pedindo para verem nos sebos, e nada. Um dia eu estava em Lisboa, entrei num sebo à toa, sem esperanças, e encontrei. Até o livreiro se espantou de ter. Ele não conhecia a autora. E aí li outro dia na Quatro Cinco Um que suas obras completas foram relançadas em Portugal e agora também no Brasil, pela editora Almedina. Na resenha diz que ela era comparada a Clarice Lispector, mas pelo menos no único que eu li (opinião infundada, portanto) me lembrou mais a Alba de Céspedes de O Caderno Proibido (outro imperdível). Seja como for, valeu a espera, da qual vocês agora se livraram.
As histórias do episódio “Vidas Passadas” mexeram muito com os ouvintes. Sobre a história da Gilda, travesti que vivia nas ruas de Curitiba, o Pedro Luz comentou no Spotify: “Sou de Curitiba e fui descobrir sobre a Gilda hoje, sempre passo nessa placa e nunca reparei. Vou passar por lá de uma forma diferente. Obrigado, Rádio Novelo!”. O momento em que Antônio Gaudério sorri pra Aurora, no segundo ato, pegou muita gente desprevenida. Caso da Júlia Carrara, que também comentou no Spotify: “Fica um pedido de aviso de gatilho nesse tipo de episódio, pq fica chato chorar na academia. Às vezes, até perigoso. Quase derrubei um peso na hora do sorriso”.
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"Os armários vazios" está traduzido até para o inglês, como "Empty Wardrobes", com tradução de Margaret Jull Costa. Ultimamente, aliás, aqui em Portugal, há algum movimento para republicar as mulheres do passado, porque os homens encontramos fácil, mas as mulheres exigem mais empenho.