Rádio Novelo Apresenta 120 | Uma eterna quarta-feira
Onde estamos na roda-gigante das epidemias?
Ontem à noite, sonhei com enchentes.
Inundações normalmente não fazem parte do meu repertório de pesadelos – talvez tenha sido influência do filme Flow, que vi há algumas semanas e achei terrivelmente angustiante apesar de bonitinho.
Meus terrores noturnos mais frequentes têm sua origem na minha adolescência. Ou eu me vejo obrigada a repetir algum ano na escola – corta pra eu me espremendo numa escrivaninha infantil, pensando “pelo menos essas provas da quinta série não devem ser difíceis” – ou é algum drama envolvendo meu contrabaixo, o instrumento que toquei dos doze aos vinte e poucos anos e que se alojou de forma aparentemente indelével no meu mundo onírico.
Dessa vez não tinha nem escola, nem orquestra (ainda bem, imagina carregar um contrabaixo acústico em meio a uma enchente) – só tinha águas subindo e subindo, sem fonte aparente, sem ondas, só subindo, como se o mundo fosse uma banheira com o ralo tapado. O que eu mais lembro é da naturalidade com que todo mundo encarava essa nova realidade. Agora a vida é assim. Insuportável, mas é assim.
Não consigo deixar de traçar um fio entre esse sonho e o episódio da semana. Em parte porque depois de ouvir o terceiro ato, acho que meus sonhos ficaram mais vívidos (anota isso aí pro relatório de impacto do podcast, gente) – e em parte porque essa anormalidade terrível do sonho está entranhado nele. Vem ouvir e vê o que vocês acham (e sonham).
Um abraço,
Flora Thomson-DeVeaux
Diretora de pesquisa da Rádio Novelo
Este episódio foi produzido com o apoio da Umane, organização da sociedade civil, isenta e sem fins lucrativos, que fomenta iniciativas no âmbito da saúde pública com o objetivo de gerar impacto social sistêmico e de ampliar a equidade, a eficiência e a qualidade do sistema de saúde para todos que vivem no Brasil. Saiba mais sobre a sua atuação acessando umane.org.br e @somosumane nas redes sociais.
No primeiro ato, Sarah Azoubel e Bia Guimarães contam de quando elas foram atropeladas pelo andar da história mundial – e o que deu pra aprender do atropelamento. No segundo, o antropólogo Vinicius Reis traça um tríptico de relatos, com as experiências de três mulheres em quem a pandemia calou fundo. E no terceiro, Carolina Moraes penetra no nosso subconsciente coletivo para entender quais rastros o trauma global deixou por lá.
(O segundo ato desse episódio foi produzido em parceria com o Brazil LAB do Instituto de Estudos Internacionais e Regionais da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos – que é uma iniciativa acadêmica que considera o Brasil um nexo planetário vital. Conheça mais em brazillab.princeton.edu)
Branca Vianna,
Presidente da Rádio NoveloRecomendação de podcast, que também é videocast, coisa que eu detesto. Ainda por cima é um podcast feito por uma celebridade, outra coisa que eu detesto. Mas este vale a pena. É o What Now, apresentado pelo comediante Trevor Noah e a roteirista Christiana Mbakwe. Eles entrevistam todo tipo de gente ou só conversam entre si quando o terceiro do grupo, outro comediante, Josh Johnson, aparece.
Recomendo especialmente três episódios mais ou menos recentes: Lupita Nyongo falando sobre sua carreira, como fazer sotaques e seu novo podcast (que ainda não ouvi mas está na lista); o escritor Ta-Nehisi Coates falando sobre seu último livro, The Message; e por último a escritora Anne Helen Petersen explicando o fenômeno esquisitíssimo das trad wives.
Mais um para o relatório de impacto: recebi fotos de não uma, mas duas pessoas conhecidas que foram parar na exposição da Madalena Santos Reinbolt em Nova Iorque depois de ouvir a história da semana passada sobre os bordados dela. Para quem não tá passando pela região (categoria na qual eu me incluo), dá pra conferir algumas belas imagens do trabalho dela no Instagram da Novelo. E muitos ouvintes ficaram tocados pela história da bioarqueóloga Bibi Nhatarâmiak e da criança Nimu Borum. No Spotify, a Débora comentou: “Parabéns, Jéssica e Vinicius! Isso é comunicação científica de primeira. E parabéns, Bibi, fazendo ciência com sensibilidade e dignidade, mostrando como outros sujeitos e outras epistemologias trazem contribuições fundamentais”. Por fim, teve gente pedindo mais “atos bônus”, que nem a história da semana passada sobre o triste fim de Ângelo Soliman. Vamos pensar com carinho.
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Se você sabe de uma história que daria um bom episódio do Rádio Novelo Apresenta, manda um e-mail pra gente em: apresenta@radionovelo.com.br
Muito bacana o projeto de compilação dos sonhos pandêmicos!