Oi, tudo bem?
Eu ri deliciosamente lendo um texto do David Sedaris que saiu na revista New Yorker no ano passado. Ele narra a conversa que se seguiu com uma amiga depois dele perguntar como ela faria pra comer um pneu. “Quer dizer, se você fosse obrigada.”
Ela responde que dividiria o pneu em 365 fatias e essas fatias em partes do tamanho de um comprimido, pra ir engolindo ao longo do dia. Ele concorda com o método e, no texto, fica imaginando como outras pessoas dariam conta da tarefa. Quem ia deixar pra última hora e quem, ao final de um ano, não só teria devorado o próprio pneu, mas também oferecido ajuda pra comer um pedacinho dos pneus alheios.
Acho que esse é um bom jeito de dividir as pessoas.
Eu fiquei pensando em como aplicar a fórmula pra outra tarefa inglória. Essa que dá título ao episódio de hoje – enxugar gelo.
Eu, por exemplo, seria uma enxugadora inconsistente. O gelo ficaria a uma distância da minha mesa de trabalho e, sempre que eu precisasse procrastinar uma tarefa mais importante e também mais complexa, eu o visitaria. Nos momentos em que eu estivesse enfrentando um roteiro difícil, as poças d’água mal apareceriam.
A Flora Thomson-DeVeaux, acho eu, encontraria num antiquário um recipiente esteticamente agradável pra que, ao lado do computador de trabalho, o gelo pudesse ser secado em intervalos regulares. Vez ou outra, uma poça grande iria se formar. Dia de jogo do Botafogo. Logo, tudo voltaria ao normal.
E a Carol Pires fuçaria em todo canto – livros, sites, cantos obscuros da internet e com algum dos mil contatos dela – o jeito mais eficiente de secar um gelo – e contaria depois como se tivesse sido a coisa mais simples do mundo.
Nas histórias de hoje, elas duas falam de outros jeitos de se enxugar os gelos que derretem por aí.
Um abraço,
Natália Silva
Editora executiva da Rádio Novelo
No primeiro ato, a Flora Thomson-DeVeaux nos leva pro meio de uma floresta que não pegava fogo – até pegar. No segundo ato, Carol Pires ousa ler a caixa de comentários e sobrevive pra contar o que viu.
(O primeiro ato desse episódio teve o apoio do iCS - Instituto Clima e Sociedade)
Flora Thomson-DeVeaux,
Diretora de pesquisa da Rádio NoveloA obsessão da vez aqui em casa é Kansas – o estado norte-americano onde nem eu, nem a Paulinha Scarpin pusemos os pés na vida real, mas onde temos gostado de passar nossas noites. Seguimos tardiamente uma dica da Branca (sim, tem uma rede interna de dicas noveleiras, e sim, a nossa presidenta tem sempre dicas certeiras) e fomos ver Alguém em algum lugar. A série acompanha a Sam, uma mulher de meia-idade que volta para a cidadezinha natal dela para cuidar da irmã doente e acaba ficando por lá, refazendo a vida em outras bases. Tem episódio em que quase nada acontece, fora uma pequena social, uma treta com os pais, ou uma crise de intoxicação alimentar, mas as interações e as pessoas são muito bonitas, genuínas, e engraçadas. São três temporadas curtinhas, e estamos sofrendo ao chegar perto do fim. Tá na Max.
Embasbacada, chocada, aterrorizada e misericórdia foram algumas das palavras escolhidas pra comentar o episódio “O apagão". Chorou-se muito também. O @vinizimmermann se perguntou por que, mais uma vez, decidiu ouvir o Apresenta na academia. Como dizem: no pain, no gain. Os comentários no post sobre a história da Neide no Instagram valem tanto a leitura que até a própria filha dela, a Nathália, leu e respondeu alguns. Vem cá ver.
acompanhe o trabalho da Novelo • instagram • X • threads • bluesky • facebook • linkedin • nosso site
Se você sabe de uma história que daria um bom episódio do Rádio Novelo Apresenta, manda um e-mail pra gente em: apresenta@radionovelo.com.br
Ouvindo a história de hoje do assíduo comentador de manchetes da Folha de SP, consegui linkar com a incrível matéria da Revista Piauí publicada em janeiro, a qual conta sobre as infinitas notas de rodapé do Barão do Rio Branco em seus livros, simplesmente genial.
Kansas é a terra da Dorothy de O mágico de Oz. O lugar que a faz dizer depois de tudo o que o tornado a fez passar: não há lugar melhor do que o lar.