Rádio Novelo Apresenta 102 | Ter que levantar a voz
Mulheres e botos que se vêem obrigados a gritar
Oi, tudo bem?
Na terça-feira, passei uma parte da minha tarde tentando ignorar o noticiário e escrever essa newsletter. Pesquisei durante um bom tempo sobre a origem dos megafones, cheguei a rascunhar uma crônica sobre meus tempos de contrabaixista (talvez ela venha aí em algum momento mais apropriado), e acabei por fazer um textinho sobre o fundo do mar e o quarto onde passei minha adolescência. Todo mundo leu, editou, aprovou, fiquei contente e passei para a tarefa seguinte.
Bom, um dos pensamentos que passou zunindo pela minha cabeça na manhã de quarta-feira, em meio a uma catarata de xingamentos e semi-alucinações, foi: esse texto já não me representa. A calma dele já não me representa.
Por alguma coincidência dessas, a última vez que eu escrevi a newsletter foi na semana em que eu enviei minha cédula eleitoral para os Estados Unidos. Brinquei sobre as urnas, sobre a fé que se tem que ter ao despachar o voto dentro de um envelopinho capenga pelos correios, enfim… e agora deu no que deu. (Fiquei sabendo duas semanas depois que meu voto foi contabilizado, que conste dos autos.)
Enfim, posso ter reescrito essa newsletter na base da tontura e da raiva, mas o episódio dessa semana do Rádio Novelo Apresenta ainda me representa. Ele fala sobre seres vivendo num mundo cada vez mais incompreensível e caótico (check), e também sobre mulheres revoltadas (check) – e nas duas histórias, chega uma hora que os protagonistas têm que berrar pra se fazer ouvir. Talvez essa newsletter seja meu primeiro berrinho; agora preciso reescutar o episódio para ver se cato alguma estratégia de mobilização e/ou sobrevivência.
Um abraço,
Flora Thomson-DeVeaux
Diretora de pesquisa da Rádio Novelo
No primeiro ato, a Branca Vianna conversa com a Ana Pinho sobre o mundo secreto – e cada vez mais turbulento – dos golfinhos da Baía de Guanabara. E no segundo, a Luiza Silvestrini traz o caso de um tapetão escandaloso na Academia Brasileira de Letras. Fofocas fluminenses aquáticas e terrestres: temos.
Natália Silva,
Editora executiva da Rádio NoveloO algoritmo do Youtube raramente me surpreende positivamente. Mas milagres acontecem em todos os lugares e, dia desses, eu recebi uma recomendação de um vídeo sobre a ética de trabalho do Basquiat – do canal Make art not content. Eu sou muito fã do Basquiat e do Warhol, com quem ele trabalhou junto alguns anos, e gostei de saber mais de onde vinha tanta inspiração. Esse vídeo e os outros do canal poderiam se resumir num grande manifesto anti-algoritmo. Dá, sim, uma vontade de largar todas as redes sociais.
A gente não sabia o que esperar quando fizemos nossa primeira reprise, da história do Pedro Henrique Santos Cruz. Mas felizmente, muita gente ainda não tinha ouvido, e quem já tinha ouvido entendeu a importância de escutar novamente. “Contar e recontar pra não esquecer”, como comentou a ouvinte Monica, no Spotify. E também porque a história ainda não acabou: conforme comentamos nas redes e na atualização no final da reprise, ninguém ainda foi denunciado pela morte do Pedro Henrique e os pais dele continuam sofrendo ameaças. A Anistia Internacional Brasil continua cobrando proteção a eles e a resolução do caso.
Conheça o podcast Fio da Meada, novo original da Rádio Novelo, em que Branca Vianna conversa com convidados que têm o que dizer sobre os mais diversos assuntos, pra inspirar você a tecer seu próprio ponto de vista. Toda segunda-feira no Spotify e nos outros apps de áudio.
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