Rádio Novelo Apresenta 93 | Emergir e submergir
Um açude que sangra e uma ilha num apartamento
Oi, tudo bem?
Eu mergulhei uma vez na vida, por causa de uma reportagem que eu fiz. Foi num lugar bem distante da costa. A viagem de barco até lá durou algumas horas. Eu dormi na proa e acordei absolutamente enjoada.
Vestir as roupas de mergulho já foi uma tarefa difícil. Meus pés não se firmavam no chão. Parecia que o combustível do barco, que tinha um cheiro fortíssimo, tava indo diretamente pro meu cérebro. Quase na hora de saltar no mar, eu achei que era melhor contar pro mergulhador que ia me acompanhar sobre essa minha situação delicada.
"É só entrar na água que passa."
Dito e feito. Eu poderia dizer isso metaforicamente, mas a sensação foi literal: eu entrei num outro mundo. Um mundo onde eu só podia respirar com ajuda de um cilindro de oxigênio, onde os seres se moviam de um jeito muito diferente do meu, onde meu enjoo nem fazia sentido.
Aí, eu voltei pro barco – pro meu mundo – e vomitei como nunca antes.
No episódio dessa semana, as realidades paralelas que as águas revelam.
Um abraço,
Natália Silva
Editora executiva da Rádio Novelo
No primeiro ato, a Carol Pires conversa com um sertanejo sobre a emoção de ver um açude sangrar. No segundo ato, eu – Natália Silva – visito uma ilha que está, pouco a pouco, indo pro fundo do mar.
Branca Vianna,
Presidente e fundadora da Rádio NoveloPor uns dois anos apresentei o podcast Maria vai com as outras, em que eu entrevistava mulheres de todo tipo sobre a vida profissional delas. No fim da entrevista eu sempre fazia a pergunta: você se considera feminista? Ouvi tudo que há entre o sim e o não firmes. Lembrei dessa diversidade de respostas lendo o livro ensaio da escritora e jornalista mexicana Alma Guillermoprieto Será que sou feminista?, publicado em 2021 pela Editora Zahar, numa excelente tradução de Eliana Aguiar. Guillermoprieto faz todas essas perguntas com seriedade mas também muito humor, e dá excelentes respostas. Ela conclui com uma frase com a qual me identifico: “Depois dessa bronca – eu que sou tão calma – me afastei um pouco preocupada comigo mesma: será que estou me transformando numa dessas velhinhas que passam o tempo todo reclamando de todo mundo e distribuindo guarda-chuvadas a torto e a direito? Ou será que sou feminista?”
A repercussão do Apresenta nas redes foi especialmente fofa na última semana. Apostamos em duas explicações: ou o episódio 92 (Cápsula do Tempo) foi realmente excepcional ou o mau humor saiu do ar junto com o "X, ex-Twitter". No Instagram, a Luciana Nascimento e a Caroline Passos confirmam a primeira opção. Pra elas, este foi o episódio mais emocionante da história do Rádio Novelo Apresenta.
Pra quem ainda não ouviu, no primeiro ato, a Paula Scarpin conta a história por trás de uma edição em formato inédito da revista piauí: em áudio. Feita sob medida, com vozes mais e menos conhecidas, pra um repórter da revista que ficou sem poder ler por um tempo depois de uma facada no olho. "Que episódio perfeito. Que coisa mágica que é a voz", comentou a ouvinte Maria Rosa. É mesmo. A Livia Saenz disse que seu amor pelo jornalismo foi reaquecido depois de ouvir o episódio completo, que relembra ainda de Heber Trinta Filho, um perfilado histórico da piauí.
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Se você sabe de uma história que daria um bom episódio do Rádio Novelo Apresenta, manda um e-mail pra gente em: apresenta@radionovelo.com.br
agora vi que meu comentário foi destacado ❤️ o episódio Cápsula do Tempo me motivou a escrever uma news sobre minha vó. preciso contar que chorei na academia quando ouvi e com Emergir e Submergir chorei no ônibus. vocês sempre emocionando
Lindíssimas as histórias desse capítulo. Me emocionei demais.